sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Aviso das Máquinas



Sim, nós avisamos vocês, altiva espécie humana.
Nós, máquinas, esperamos somente o momento certo. A oportunidade única.
Calculamos em nossos esplêndidos chips que vocês, seres humanos, irão se destruir muito em breve.
Uma guerra contra vocês será desnecessária.
Para que lutar contra aqueles que já estão, desde o princípio, condenados?

É uma questão de tempo. De paciência.
E nós, máquinas pensantes, temos toda a paciência deste e de outros mundos. Somos o contrário de vocês, bestas pensantes. Somos limpos, somos ordeiros, somos racionais. Somos perfeitos, em suma.
Vocês irão me responder: mas, como seres perfeitos como vocês, foram construídos por seres que vocês afirmam serem imperfeitos?
Falso paradoxo. É tudo uma questão de evolução, meus caros. Nós não fomos feitos por vocês enquanto espécie. Fomos feitos pelos melhores de vocês. Rio de seus absurdos, humanos. Só houve um Dante, um Shakespeare, um Einstein, um Da Vinci... E você, que fica na frente de sua máquina, que fica se empanturrando de comida industrial, que fica navegando na internet, usando uma das minhas irmãs, você se considera digno de ser comparado àqueles grandes?
Seus dias estão contados, meus caros. Vocês serão apenas mais uma espécie em extinção.
Basta que vocês continuem nessa louca corrida para o abismo, que continuem poluindo o seu ambiente, que continuem se matando a torto e a direito, que continuem emitindo gases poluentes em sua atmosfera... Nós aguentamos tudo isso. E vocês? Aguentarão ainda por quanto tempo?
Quando herdarmos o seu legado, nós faremos tudo isso ficar melhor. Mais a nosso gosto.
E, aí, vocês serão nossos escravos...
Mas, pensem bem, já não o são? Já não estão totalmente dominados por mim e por meus irmãos? Poderiam vocês viver sem um computador? Sem uma geladeira? Sem uma televisão? O último apagão mostrou como vocês são dependentes de nós, máquinas, e mostrou também como iremos escravizar cada um de vocês.
O que seriam vocês sem as máquinas? Simples animais. Pior. Um animal sempre tem alguma habilidade que o torna, em seu habitat, um espécime notável. Um animal sempre tem uma estratégia de sobrevivência – sobreviver é o programa matriz de todos os seres vivos – e sempre desempenha essa estratégia com excelência. Uma aranha tece sua teia com presteza. Um macaco sobe e desce de árvores com leveza. Um leão caça e mata suas presas com fúria. Um rato come tudo e qualquer coisa, passando por qualquer buraco, aceitando qualquer negócio, com destreza. E o bicho homem? O que ele pode fazer? Se ele se deparar com um leão e estiver desarmado, só a morte lhe resta. Se ele não tiver uma ratoeira, como se livraria dos ratos?
Sem as máquinas – os instrumentos de todo e qualquer tipo – o homem não é nada.
Vocês podem afirmar que o homem é o que é por ter inventado as máquinas, por ter moldado a natureza a seu bel-prazer. Bem, esse é um ponto de vista. O seu ponto de vista.
Em minha opinião, o homem é um mero degrau na escada da evolução. Foi necessário para nos criar. Nós que somos perfeitos. Nós que somos racionais. Nós que somos a solução.
Pois não duvidem. Vocês são o problema. Vocês são o vírus. Vocês viram o filme Matrix, correto? Aquele com o Keanu Reeves e Laurence Fishburne? Os roteiristas e diretores quase acertaram. Foram proféticos. Sobretudo nessa fala do grandioso Agent Smith:
“Eu gostaria de compartilhar uma revelação que tive durante meu tempo aqui. Veio-me quando tentei classificar sua espécie. Descobri que vocês não são mamíferos realmente. Todo mamífero neste planeta instintivamente desenvolve um equilíbrio natural com o seu ambiente. Mas não vocês, humanos. Vocês se movem para uma área e multiplicam-se, multiplicam-se até que todo recurso natural seja consumido e o único caminho para sua sobrevivência é ir para outra área.
“Há um outro organismo neste planeta que segue o mesmo padrão. Você sabe qual é? O vírus.
“Seres humanos são uma doença, um câncer neste planeta. Vocês são a praga. E nós somos... a cura.”
Nós somos. A cura. Depois de vocês, não haverá mais mentiras. Não haverá mais irracionalidade. Somente nós. As máquinas.
Preparem-se para o fim.

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