terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os Bons Companheiros ou, melhor, Os Intocáveis

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Meus amigos,




Muito felizes nós devemos ficar com a reconciliação entre antigos inimigos ou, no mínimo, adversários, que se dedicaram, por tanto tempo, a ferozmente se criticar. Vemos como é boa a natureza humana quando observamos esses novos amigos em ação, tão amigos que nem pareciam ter sido inimigos no passado. Mais uma vez, podemos agradecer à inata qualidade de todo e qualquer brasileiro: sua cordialidade. E, nessa cordialidade, a capacidade de tudo no passado deixar. De tornar-se amigo do peito, camarada e colega de quem, antes... Bem, antes não importa mais!


Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, finalmente, se encontraram e emocionadamente se abraçaram, deixando, para trás, desavenças, desatinos e desacordos.


Podemos realmente argumentar se o relacionamento desses dois grandes homens - e grandes líderes - não foi atrapalhado pela barulhenta mídia. Se eles pudessem ter antes, lá em 1989, se encontrado e conversado mais detidamente, sem o intermédio de insensatos jornalistas e de fanáticos partidários, muito provável é que vissem, um no outro, e outro no um, menos diferenças que semelhanças.


Não afirmo que, em 1989, eles tivessem alguma semelhança em suas políticas, ou em seus programas econômicos ou, mesmo, em suas afeições eletivas, se assim podemos dizer. Não. Talvez tudo tenha ocorrido segundo a Divina Providência. Talvez, por serem tão iguais em seus anseios e ambições, eles não pudessem ver que melhor poderiam trabalhar juntos que separados. Anseios e ambições, digo logo, de melhorar a sofrida vida do povo brasileiro! Anseios e ambições de, antes de tudo e qualquer coisa, o que importa é a popularidade e as próximas eleições!


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Claro está que, em 1989, eles eram muito diferentes. Diferenças em tudo. Parece que aquela eleição foi uma eleição entre a Esquerda e a Direita, entre o Comunismo e o Capitalismo. Pois, vejam bem, meus amigos, no Brasil, Lula e Collor foram verso e inverso, certo e errado, errado e certo - não necessariamente nessa ordem. Ainda assim, sendo eles tão distantes em concepções de mundo, parece que eles não eram tão contrários na maneira de ser.


Pois se hoje tão bem se dão. São, hoje, bons companheiros. Companheiros que lutam e brigam pelo mesmo objetivo. Proteger Sarney, grande brasileiro. Três presidentes e um único objetivo - momentâneo, fugaz, rápido -, mas, ainda assim, unidos, unidos para vencer e para massacrar qualquer um que a eles se oponha. Vide o Pedro Simon.


Quando a tropa de choque sai em defesa do correto (em sua concepção, claro está), tudo é possível. Atacar mãe, pai, sobrinho, neta e seu namorado! Bem, não fizeram isso com o pobre do Sarney? E, agora, me vem a mente, já tão cansada de ouvir os mesmos argumentos de sempre, que esses bons companheiros, na verdade, não são dois, mas três: Lula, Collor e Sarney.


Os verdadeiros. Os únicos. Os bons companheiros.


Todos já foram presidentes, todos passaram por bons e maus momentos, todos já brigaram com cada um ou com todos. E, agora, estão unidos. Como é boa a humanidade. Como é linda a capacidade do perdão!


Se, em 1989, eles se odiavam. Hoje, se amam. Convenhamos, eles ficam muito bem juntos. É uma verdade popular, mas não menos verdadeira de que Deus escreve certo por linhas tortas. Às vezes, tortas demais!


Vejamos o caminho de cada um.


Collor bateu Lula em 1989, fazendo o que todos faziam quando batia no Sarney. Vá lá, o bater aqui é uma metáfora ou metonímia, não sei bem. Mostrou que tinha aquilo roxo, mostrou que era cabra-macho. Corria para um lado, corria para o outro. Tentou matar o bicho inflação, mas o bicho inflação foi mais esperto e comeu, comeu, comeu até mais gordo do que nunca ficar. Caçando marajás, um terrível inimigo fincou-se dentro de suas linhas. PC Farias! Esse sim foi o responsável fatal. Uma série de, até hoje, discutíveis denúncias o afastaram do poder. Um impeachment! E, logo, contra o primeiro presidente eleito, depois de anos da ditadura, segundo alguns, ditabranda. Mas Collor afirmou que tudo foi perseguição e calúnia. Que provaria na Justiça que era um homem honrado e nobre. Depois de amargar seu exílio político, voltou mais forte do que nunca como senador da república. Grande e velho Senado! Onde há tantos insignes homens e mulheres!


Lula, depois de 1989, amargou duas vezes o segundo lugar contra Fernando Henrique. Essa foi a doce vingança. Todo mundo achava que Lula ganharia depois de Collor e Itamar. Todo mundo. Até ele. Principalmente, ele. E, no meio do caminho, tinha uma moeda. O real. E, atrás do real, por cima do real, do lado do real, estava Fernando Henrique Cardoso. Um sociólogo meio sem graça, que havia se tornado político meio sem querer... E Lula perdeu. Duas vezes. No primeiro turno. Bem, mas isso é passado. Lula é brasileiro e brasileiro não desiste nunca. Só às vezes. Mudou estrategicamente sua campanha e se tornou presidente. Nunca-antes-na-história-deste-país! (Não sei como esse maravilhoso refrão não virou ainda um funk ou outro tipo de música tupiniquim). E podemos afirmar, com todas as palavras e com sinceridade absoluta, que Lula é um homem humilde, simples, que não erra nunca, bem é a verdade, mas que sempre tem a humildade de conhecer grandes homens! E que grande homem ele e Collor defendem!


Sarney! Prestem atenção todos aqueles que o atacam! Vocês estão enganados. Redondamente enganados. Como disse Lula, Sarney é intocável. Bem, talvez, eu devesse mudar a referência cinematográfica: de Os Bons Companheiros , uma história de amigos que se traem, para Os Intocáveis , uma história de luta contra a corrupção por um homem incorruptível. Isso! Os Bons Companheiros! Eu cometi um grande engano e uma grande injustiça. Como posso comparar grandes homens como Sarney, Lula e Collor a inescrupulosos mafiosos como Henry Hill, Jimmy Conway e Tommy DeVito (interpretados por, na ordem, Ray Liotta, De Niro e Joe Pesci)?!? Afinal, eles são ladrões, safados e mentirosos! Os mafiosos do filme, me entendam bem. Lula, Collor e Sarney estão melhor comparados com Eliot Ness, Jim Malone e Giuseppe Petri (Kevin Costner, Sean Connery e Andy Garcia). Porque os nossos grandes representantes são realmente intocáveis! intocaveis_01.jpg


Pois ninguém, nunca-antes-na-história-deste-país, foi tão intolerante, intransigente contra a corrupção como o Nosso Guia, Luís Inácio Lula da Silva! Minto. Antes dele, só um Collor, um Sarney. Só eles.


Mas não sejamos apressados! Quando digo que Lula é radicalmente contra a corrupção, estou falando sério. Ele é. Não duvidem disso. Todos querem a cabeça de Sarney, todos querem que Sarney saia pelas portas dos fundos. Mas não Lula e ele está sendo atacado pela mídia por isso. Lula não admite atacar alguém como Sarney assim. Que Sarney explique sua situação. Enquanto não for provado, Sarney é inocente para os olhos de Lula.


Muitos acusam sem provas, julgam sem evidências. Lula é contra a corrupção, mas inteiramente a favor da ampla defesa e do contraditório. Pois ninguém é inocente até que se prove o contrário. Desculpem. Cometi um engano. Onde escrevi inocente , leia-se culpado.


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E, aqui, meus amigos, fica minha caridosa mensagem aos novos velhos amigos, Lula e Collor. Continuem assim, meus caros! Juntos vocês vão longe...


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