sábado, 8 de agosto de 2009

Sátira como forma de Pensamento

Bem, as definições de sátira dos dicionários e enciclopédias (Wikipedia, sendo a principal fonte deste homem da internet) a caracterizam como sendo um gênero literário, podendo abranger outras formas de expressão, que, por meio do humor, da ironia, do exagero, do burlesco, critica os costumes, os vícios, as loucuras, os abusos, as hipocrisias, os cinismos e... - enfim, tudo o que o humano põe no mundo, quando está de boa vontade, não é mesmo? Essa é a definição, por assim dizer, já canonizada (pois está nos dicionários!!!). Eu gostaria, na minha humilíssima humildade, de dar a minha pequena contribuição.


A questão, aqui e agora, é como vejo que a sátira é uma forma de pensamento e, com isso, uma forma de entender o mundo.


Há filósofos, historiadores, físicos, cientistas sociais e muitos outros que pretendem entender alguma coisa desse caos a que chamamos realidade. Todos sérios demais, porém. Todos, vestindo terno e gravata, escrevendo artigos para revistas sisudas, aparecendo em entrevistas para telejornais entediantes! E todos com o mesmo tom! O discurso pode ser completamente diferente. Um sociólogo pode ser o inimigo mortal de outro sociólogo, mas o tom de seus discursos vai ser o mesmo. E por quê?


Porque o ser humano se leva a sério demais! Quer parecer o todo-importante, o ápice da evolução, a razão de ser do universo.


Mas o que é o ser humano para o universo? Nada? Ou a medida de todas as coisas, como já foi proferido?


Somos menos que poeira para o universo, mas tudo bem. Ainda somos importantes. Pelo menos para nós mesmos, não é? Se não formos importantes uns para os outros, seremos menos que humanos.


É só olhar à nossa volta para percebermos como a vida humana muito vale. Todos os dias me surpreendo com a capacidade do bicho homem de fazer mal ao bicho homem. É um espetáculo de crueldades e absurdos! É incrível o singular poder da maldade e da preguiça.


Da maldade, todos falam mal, é bem compreensível, pois, se não pudermos falar mal da maldade, de quê ou quem poderemos falar mal?


A preguiça, no entanto, é subestimada. Muitas crueldades ocorrem por pura omissão. E omissão por quê? Por preguiça! Mas isso é assunto para outro texto. Neste, reafirmo a valorização da sátira.


Pois é aqui que a reafirmo! A sátira é "importante" para desmascarar os falsos valores, os falsos ídolos e a falsa moral que os humanos mostram como se fossem verdades absolutas e não meras hipocrisias. Hipocrisias para ocultar os interesses e os vícios. Hipocrisia como única homenagem do vício à virtude.


Dessa forma, afirmo que os sátiros são aquelas pessoas que levam às últimas consequências os valores da humanidade. Pois um hipócrita vai sempre dizer que segue os melhores valores, que ninguém tem mais moral do que ele (isso lembra a fala de alguém?) e que os outros é que são canalhas e ladrões. Um hipócrita publicamente vai defender os valores que, no seu particular, escarnece. O sátiro vai se levantar contra isso. Vai se indignar, vai se revoltar e, em vez de ficar calado em sua casa, na segurança do anonimato, vai publicar os seus textos para os outros verem!


Grandes sátiros foram assim. E, usando os poderes da ironia e da paródia, ampliam e distorcem a realidade, pois a realidade já foi distorcida e estuprada pelos malfeitores!


Os malfeitores roubam, matam, estupram e, em seguida, na maior inocência, clamam honestidade e honradez. O sátiro, com seu dedo sujo, aponta essa discrepância absurda! Pois, para eles, o mundo não deveria ser assim. Deveria ser mais. E melhor!


Sim, os sátiros são pessoas que, normalmente, após idealizarem muito os seres humanos, se decepcionam e ruminam contra a própria raça seus venosos textos!


Esta é a verdade!


Assim, entender satiricamente o mundo é enxergar o mundo despido de todas as mentiras.


Se isso for possível sem enlouquecer...

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