domingo, 16 de agosto de 2009

Fatos, Versões e Ficções

Meus amigos,


Muitos duvidam (na maioria, os políticos, mas eu não entendo o porquê...) de que a imprensa é uma das mais importantes ferramentas da democracia e da liberdade. Uma imprensa livre é sinônimo de um pais livre, pois, sem imprensa livre, só ouviríamos a opinião dos orgulhosos e opressores. Basta olhar para todos os lados e ver que a "mídia" sempre defendeu a moral e os bons costumes! Se os políticos reclamam que os jornalistas podem cometer excessos, ai deles! Porque qual excesso o pior: o dos jornalistas ou o dos políticos?


Sim, defendo o jornalismo livre. E ainda defendo o jornalismo imparcial! De tanto os jornalistas e outros teóricos repetirem isso, acredito fielmente. Se eu for parar para pesquisar tudo que passa na grande mídia, ficarei maluco, não é mesmo? Sou um desses caras ingênuos e idealistas, como o Cavalheiro da Triste Figura, que sempre crê no que lê e, como Dom Quixote creu nos cavalheiros que leu, eu também deveras creio em tudo que leio.


Por isso, minha cabeça deu voltas e mais voltas para poder tudo entender. Tudo o que vi e tudo que li, nesta última semana. Eu sei que não sou nenhum gênio, mas também não sou nenhum ignorante. Pode ser uma deficiência de omega 3 em minha alimentação, pois meus neurônios, por alguns breves momentos, ensandeceram. E, se meus neurônios ensandecerem, corro um sério risco de perder a razão. Ou achar que todos os outros a perderam, menos eu, com toda a certeza. Mas voltemos ao nosso assunto.


Primeiro, o que li.


Dois grandes jornais de São Paulo me chamaram a atenção na cobertura do lucro da nossa (de todos os brasileiros, vejam bem) Petrobrás. Os dois jornais são A Folha de São Paulo e O Estadão. Aquela dizia que a Petrobrás teve um recuo de 20% em seu lucro, enquanto este nos informava que a estatal teve um aumento de 33% em seu lucro. Ou será que foi o contrário? Não me recordo mais, no entanto, se quiser saber, é só ir no ótimo (sem ironias!!!) blog Doidivana da escritora Ivana Arruda Leite (no post As Muitas Faces da Realidade) - aliás, foi neste blog que percebi a comparação. Pois, eu, a princípio, não entendi. Como pode um jornal de prestígio contradizer outro jornal de renome? Eu pensei que, talvez, os seus jornalistas houvessem cometido um engano, pois, afinal, errar é humano, aliás, demasiado humano. Mas, mesmo assim, um nobre amigo, chamado Olhe-Nos-Detalhes, mandou-me, como vocês devem imaginar, olhar nos detalhes. O jornal que afirmava que houve queda - não me lembro qual - afirmou que houve queda em relação ao mesmo período em 2008. O outro, que disse que houve aumento, detalhou que houve aumento em comparação ao período anterior.


Assim, estavam ambos corretíssimos. É só uma questão de perspectiva. Ah graças a Deus, pensei comigo, ainda bem que podemos confiar nos nossos jornalistas e nos jornais de renome. O fato de a queda e o aumento estarem publicados em letras garrafais na manchete não diminui, em nada, a idoneidade dos jornais. Eles publicaram a verdade, não publicaram? Cada um em sua perspectiva, mas a verdade. Um amigo, mais pessimista, que já não acredita na humanidade, argumentou, no entanto, de que, no jornalismo, o mais importante não são os fatos, mas, sim, a ênfase. Se um jornalista quiser, ele pode enfatizar o que é mais agradável ou não... Assim, no caso em tela, o que houve não foi um aumento ou uma queda no lucro, mas um valoração ou depreciação, subliminares, da referida empresa nos interesses dos respectivos jornais... Mas eu não acredito nisso. Acredito na humanidade! Acredito nos jornais, jornalistas e donos de jornais! Foi só um detalhe, um mero detalhe.


Em segundo, o que vi e continuo vendo.


Várias acusações contra o Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, foram feitas nos últimos dias. Até aí nada demais - pelo menos para mim e para vocês, mas não para o Bispo, é claro. Não vou entrar também na questão religiosa. Se o Bispo desviou ou não. Isso aí é com a Justiça. Se houve roubo, desvio ou falcatrua, que o Ministério Público condene o Bispo e todos mais. Se não houve nada disso, vida longa ao Bispo! Não vou discutir religião. Cada um tem a sua. O que vou discutir são os fatos e O fato inusitado é que, se eu assisto os telejornais da Globo ou os telejornais da Record, eu terei uma visão completamente contrária dos fatos. Assisto os dois, é claro (apesar de perder uma ou outra cena de minha novelas!!!). E fico confuso. Um diz uma coisa, outro diz outra. Um acusa o outro.


Meu amigo pessimista me afirmou que a imparcialidade jornalística só ocorre quando não toca os interesses dos donos dos jornais. O que vale também para dono de emissoras e etc. Em seu raciocínio, ele me pergunta: "a Record não é um incômodo para a Globo? E a Globo não é um inimigo da Record? Então, eles vão usar todas as armas disponíveis..." Rebato dizendo que ele, meu amigo pessimista, é muito... pessimista e que os jornalistas que trabalham tanto na Globo quanto na Record não se deixariam vender a um preço tão baixo. Onde está a ética profissional? Onde está a verdade e a imparcialidade? - perguntei para meu amigo.


Ele deu com os ombros e disse, maliciosamente: "Se você acredita neles..."


Pois, sim! Eu acredito! Acredito fielmente. Por que não acreditaria? Eles são jornalistas. Devem procurar a verdade. E só a verdade. Acho que eles passam por uma verdadeira lavagem cerebral no curso de jornalismo para conseguirem alcançar esse objetivo, o da busca da verdade, pois, em nosso cotidiano, não gostamos muito de saber da verdade, nos contentamos com as fofocas, ou, mais cientificamente, versões distorcidas da realidade. É verdade que o STF terminou com a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Não critico o STF, cuja sabedoria jurídica é infinita, mas ainda é cedo para dizer se sua decisão foi ou não benéfica.


Enquanto isso, creio que tanto o jornalismo da Record quanto o da Globo, cujos jornalistas todos devem ter apresentado o seu diploma, estão apenas se empenhando o máximo possível para nos dar uma cobertura isenta e imparcial (não serão sinônimos?) dos fatos.


Vocês também não acham?

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