quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A Orgia da Corrupção




Sim, meus caros colegas, isso é um fato, ainda que triste (embora haja aqueles que gostariam de se vangloriar disso), mas vivemos na Orgia da Corrupção. E podemos afirmar que corrupção quase institucionalizada.
Antes de eu entrar no nosso tema, por favor, me respondam algumas questões:
Quantos políticos, acusados de corrupção, foram efetivamente presos ou penalizados de alguma forma no Brasil?
Quantas acusações surgiram, foram investigadas e não deram em nada?

Quantos casos foram solucionados? Quantas pessoas tiveram que devolver aos cofres públicos o dinheiro furtado?
São essas e outras perguntas que podemos formular todos os dias e cujas respostas só nos aumentam a indignação.
Vivemos na orgia da corrupção, mas, nessa orgia, uns poucos realmente gozam, enquanto outros são plenamente engabelados... Enquanto uns dançam e se divertem, outros apenas assistem embasbacados. Parece enredo de telenovela! Sempre os mesmos fatos, sempre os mesmos esquemas, só - às vezes, mas não sempre - mudando os atores, mas invariavelmente sempre... o mesmo desfecho. Nada. Pó. Zero. Antes de alguém ser condenado, antes do trânsito em julgado (pois no Brasil ninguém é condenado antes do trânsito em julgado do pobre réu), tem a sepultura. E só no além é que haverá um acerto de contas, se você, meu amigo, acredita no além...
Este é um texto de alguém indignado, mas também, por mais triste que pareça, de alguém que sabe que esse tipo de coisa - a corrupção - acontece muito, mas muito mais do que aparece. Vemos só a ponta da ponta do iceberg. Um milhão de Titanics não seriam suficientes para esse monstro chamado corrupção.
Pode um filósofo pessimista argumentar: mas é do ser humano, caro colega. A culpa é do ser humano. Ele é frágil, egoísta, hipócrita, trapaceiro e ordinário. Sempre quer se dar bem. Como Hamlet disse, quem escaparia do chicote se fosse julgado por seus méritos? Nada desse papo de que o ser humano é a melhor coisa do universo... Em parte, eu concordo com esse argumento.  Em parte, sei que o ser humano possui o seu lado sombrio, o seu lado negativo e destruidor. E, no final, concordo que a decisão de ser corrupto não é uma simples decisão, mas sim uma visão de mundo. De um mundo onde a justiça, a boa-fé, a verdade não existem ou, se existem, existem apenas para serem manipuladas, são apenas parte do jogo hipócrita que, segundo La Rochefoucauld, é a homenagem do vício à virtude. O argumento pessimista - o do ser humano como vil por natureza - pode ser resumido na frase de Machado de Assis: "A ocasião não faz o ladrão. Faz o furto. O ladrão já nasce feito".
Mas, além disso, além desse lado sombrio de todos nós, há a questão da impunidade. Sim, pois a impunidade potencializa a corrupção. Se você acha que roubar não é tão mau quanto se pinta, se acha que moral e ética são empecilhos ao enriquecimento, então o único motivo que o impedirá de roubar é o fato de ser punido por isso. Caso você ache que não haverá punição, então do pensamento ao ato só falta a oportunidade.
E aqui vai de novo a teoria das janelas quebradas (falei dessa teoria nesse post). A teoria basicamente diz isso: em uma vizinhança, se houver uma residência com janelas quebradas, logo, outras janelas serão quebradas. Se ninguém consertar, a residência será invadida por ladrões, viciados, traficantes. A vizinhança perderá a tranquilidade. Prostituição, roubos, mortes, etc. Tudo isso por causa das janelas quebradas. De um abandono. De um desleixo. De um descuido.
As janelas quebradas são a oportunidade. Ou a consciência de que naquele local não há lei, pois não há punição. Ninguém está olhando, logo ninguém saberá.
Bem, o que isso tem a ver com o Brasil?
No Brasil, em termos de corrupção, não só as janelas estão quebradas, mas também portas, vidraças e consciências. Há um discurso oficial de que o importante é o crescimento econômico, de fazer vista grossa aos deslizes dos aliados... Esse discurso deve ser prontamente reprimido. Tolerância zero. Acordo com Judas é coisa de... Judas. E quem, mesmo com boas intenções, faz acordo com o Diabo vai para o...
E podemos afirmar, como muitos outros afirmaram, que o sistema político brasileiro é repleto de regalias e privilégios para os "representantes do povo". Parece que, ao votarmos neles, estamos lhes concedendo algum título de nobreza. E eles, os políticos, se tornam "intocáveis"... Não há sistema político brasileiro. O que há é um conglomerado de interesses, de toma-lá-dá-cá! Partidos políticos não interessam. Não passam de ilusões. Ideias políticas? Que ideias? Pergunte a algum político, em particular, se ele tem alguma ideia e ele vai cair na gargalhada! Responder aos eleitores? Perdão. Só de quatro em quatro anos, e olhe lá!
Em uma terra de impunidade, quem é honesto passa por otário. Quem é desonesto só é burro quando flagrado. E quem é muito desonesto, mesmo flagrado, ainda afirma que está sendo injustiçado e perseguido. A culpa é da imprensa! A culpa é do assessor! A culpa, enfim, é dos outros!
Sim, em um estado democrático de direito, deve haver o direito da ampla defesa, do contraditório... Afinal, não estamos no Irã, por exemplo! Mas há de existir também, meus amigos, a punição aos culpados. A justiça tarda mas não falha! O problema é que atualmente a justiça tarda e falha!
E ficamos assim, com cara de palhaços!
Enquanto eles melhoram suas práticas de Kama Sutra  na orgia da corrupção.

(Sei que este texto é direto, sem a ironia satírica. Peço humildes desculpas, meus amigos, pois este pobre escriba ainda é acometido por acessos de indignação. O escriba já foi ao médico, ao psicólogo e, inclusive, ao psiquiatra procurar tratamento para esses ataques agressivos de indignação aguda. Um médico aconselhou o escriba a ir para algum país escandinavo onde tudo funciona perfeitamente, mas onde há paradoxalmente muitos casos de suicídio. O escriba infelizmente recusou e vai continuar a importunar vocês.)

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