sexta-feira, 1 de julho de 2011

Drogas: porque a Legalização não vai mudar nada (ou lá muita coisa)…

Essa é minha opinião, leitor. Eu acho que não vai mudar nada. Quero dizer, não vai mudar lá muita coisa. Talvez fique mais fácil curtir um barato de determinado tipo de droga; talvez nas festinhas de treze anos, em vez de uma bebidinha escondida (agora, nem tanto, não é mesmo? Hoje os adolescentes e pré-adolescentes são assíduos frequentadores de bares…), ofereçam um baseadinho (ué? mas já não fazem isso?)… Mas basicamente não vai mudar nada. Por quê? Bem vamos lá…

O Estado vai liberar o uso de todo e qualquer tipo de droga? Muito difícil. E não vi ninguém defendendo essa tese. Todo mundo que defende a descriminalização das drogas sempre anda na ponta do pé para não parecer avançado demais (o que é lá muito difícil…). Além disso, há drogas que, pela violência química, tornam o indivíduo em um escravo com poucas doses, como o crack, o óxi e as futuras ainda não inventadas… Dessa forma, mesmo com uma descriminalização ainda que radical, sempre haverá drogas ilegais.

Atualmente temos duas drogas legais para diversão: o álcool e a nicotina. Claro, isso se não considerarmos o café uma droga… As outras, ainda que sirvam para uma onda básica, são legalizadas somente para fins medicinais. Das drogas para diversão, o cigarro se tornou o grande vilão de todos. É totalmente regulada, controlada, taxada e demonizada. Se você compra um maço, tem uma imagem horripilante sobre o seu futuro. Não pode haver comercial de cigarros se não as crianças vão querer fumar (quem é que se lembra daqueles comerciais da Malboro com os caubóis e do Free “alguma coisa em comum”?). De dez baforadas que o fumante traga, nove são para pagar imposto (quase igual ao nosso trabalho, não é mesmo? Será que nosso trabalho é uma… droga?), só uma vai para a indústria tabagista. E ainda assim a indústria tabagista prospera! (Pergunte se os envolvidos nela realmente querem sair do ramo?)

Como o cigarro é altamente taxado, os contraventores arranjaram um jeito de lucrar. Eles não se intimidam em contrabandear, roubar caminhões, violar a lei e o direito de todo e qualquer jeito. E, no final das contas, conseguem ainda inserir o fruto de seu roubo no mercado legal. Se o cigarro fosse ilegal, esses contraventores seriam traficantes. Mas como é legal…

Considero assim que o argumento de que, com a legalização ou descriminalização das drogas, os traficantes perderiam recursos financeiros. Em parte, isso é verdade. Os criminosos teriam de se adaptar à nova ordem. Mas criminosos são profissionais de um ramo em que a adaptação é a regra. Ou eles se adaptam ou eles morrem… No melhor dos casos. Com o fim do tráfico de drogas como sua principal atividade econômica (e uma das mais lucrativas, bem entendido…), os ex-traficantes podem se voltar para atividades menos elegantes como extorsão, chantagem, sequestro, tráfico de mulheres, contrabando, roubo, prostituição, etc. Claro que eles vão se mostrar rápidos em se adaptar. Vocês não precisam se preocupar com os traficantes…

Além disso, isso somente seria verdade se todas as drogas fossem legalizadas – o que, como já disse, vai ser muito difícil de ocorrer. O Estado pode descriminalizar a maconha, mas ainda teremos cocaína, heroína, crack, óxi e o que vier a mais. Dessa forma (e provavelmente…), sempre haverá margem para o tráfico ilícito de entorpecentes. Quando nossa sociedade se acostumar à normalidade da nova droga, aqueles que gostam do fruto proibido logo se voltarão para as drogas ilegais. E quem vai estar lá disposto a fornecê-la? O traficante…

Ou imaginemos, leitor, outro cenário com o Estado mesmo fornecendo a droga em doses homeopáticas. Quem estaria lá para oferecê-la em doses cavalares? O traficante. Ou que a droga administrada fosse uma variante não-perigosa. Quem estaria lá para oferecer a droga letal? O traficante. Tal como o jogo legalizado em vários países sempre tem um pé na ilegalidade, com pessoas envolvidas com atividades não muito legais, o fornecimento de drogas, em um mundo de drogas legalizadas, teria um pé no mundo ilegal. E por quê? Porque, há muito, os criminosos perceberam que é muito lucrativo se envolver com os vícios dos outros. Jogo, sexo e drogas…

O criminoso não é criminoso porque nasceu traficante para ser traficante. Ele é criminoso porque considera que as leis de uma sociedade não podem ser empecilho para o seu enriquecimento. Claro, claro, haverá aqueles que defenderão que o criminoso não teve oportunidade, que a pobreza o levou para o mau caminho, etc. Pode ser… Mas essa definição de criminoso não leva em consideração os criminosos que tiveram oportunidade, leva? Então, eu fico com minha definição por ser mais abrangente. O que eu queria dizer é simplesmente isso: você acha que o traficante, por não encontrar no tráfico um meio de sobrevivência, vai deixar o crime só por isso?

Considero que a legalização das drogas será benéfica apenas para o usuário eventual. Aquele que não fica dependente completo, como os muitos usuários que vemos vagar, mendigos, sem pudor, como zumbis, como mortos-vivos, sem outro interesse, sem outra vida a não ser a próxima dose. O usuário eventual, não. Ele toma uma dose no final de semana, numa festa ou numa ocasião especial. Claro que a ocasião especial se torna cada vez mais habitual…Mas tudo bem. O negócio é curtir a vida adoidado. E como curtir a vida adoidado sem algum produto químico artificial? Assim, com a legalização ou descriminalização das drogas, o seu consumo se exime do problema do tráfico – ora, todas as propagandas contra as drogas diz que elas financiam o crime. Se as drogas não financiarem o crime, fica mais fácil usá-las sem problemas, não é mesmo? As drogas, tal como na indústria tabagista e de bebidas, vão financiar a economia, pagar os salários, engordar a carteira dos milionários…

Trocando em miúdos, o Brasil, depois da novidade com a legalização de mais uma droga (a maconha, no caso), passaria por um momento de euforia (pró e contra a liberação), mas logo a maconha cairia no lugar-comum. Seria banal! Ainda existiriam criminosos cometendo crimes, ainda existiriam dependentes químicos destruidores de lares, ainda existiriam… Bem, toda essa realidade que já conhecemos. Ou que não queremos conhecer.

Mas, pelo menos, o fumante inofensivo de maconha poderia fumar à vontade (ou controladamente à vontade dentro de um bar de maconha vigiado vinte e quatro horas pelo aparato policial, mas fumaria lá seu bagulho!).  E todo mundo ficaria doidão… digo, feliz.

(Ah, e satiricamente fiz minha proposta de Legalização das Drogas aqui.)

2 comentários:

  1. Vai mudar sim! Eu quero fumar minha maconha em paz.

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  2. Grato pelo comentário, Anônimo.
    Só comentando o comentário:
    Como afirmei no corpo do texto (creio que no último parágrafo), no critério aludido por Anônimo, realmente mudará para esse caso e Anônimo poderá fumar em paz, ainda que controladamente, bem visto.
    O "não mudar nada" é mais, digamos, macroeconomicamente falando...

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