quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Festival da Democracia: Entrada Obrigatória

De todos percalços da Democracia em nossa terra amada e idolatrada, eu nunca paro para pensar na desfaçatez que é o voto obrigatório.
Votar não é escolher? Não é o exercício máximo da liberdade?
Pois é!
É obrigatório!
É como se houvesse um policial e o policial dissesse: "Você tem liberdade, meu amigo!"
"Liberdade de quê?"
"De apanhar calado!"
Para o homem médio, nada mais normal do que a obrigatoriedade do voto. Sempre foi assim, não é mesmo? Melhor o voto ser obrigatório do que não haver voto... Concordo. Mas, ainda assim, é uma excrecência, uma parvoíce e um desserviço. Deveria votar quem se sente compelido a votar, quem quer decidir, quem quer escolher decidir (ou melhor, quem tem a ilusão de que está decidindo alguma coisa...). 
O voto obrigatório, por si, é uma das formas como o Estado brasileiro dá um tapinha nas costas do cidadão e confessa a ele: Veja, meu caro, você deve votar! Se não votar, vai sentir a minha ira.
E o Estado Democrático brasileiro exibe a sua refinada ira de várias formas. Todas elas, irritantes, chatas e burocráticas. O cidadão comum se vê em um emaranhado de repartições públicas perdidas em um labirinto de legislações e afogadas em procedimentos kafkanianos. Mas vá lá. Você não votou e é culpado de não ser um cidadão!
Por isso, gargalho muito quando alguém fala de festa da democracia. Ora, é uma festa de presença obrigatória, na qual o leão-de-chácara impede a saída de todos, ao invés de barrar a entrada.
Assim, aquele que considera aquilo tudo uma palhaçada, que vê na democracia não uma "escolha", mas, sim, uma imposição daqueles que já escolheram e que querem dar a impressão de que você escolheu. Para esse, que nada acredita, ainda, é empurrado goela abaixo a verdade ululantemente aceita de que a democracia é uma festa da liberdade.
Sim. É uma festa.
Do quê? Vá lá, leitor, e complete com o seu pensamento.

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