Você é um idealista, leitor? Acredita que, se todo mundo desse as mãos, o mundo seria um lugar melhor? Acredita que, se não houvesse armas de fogo no Brasil, a violência acabaria? Acredita (essa é boa, leitor) que a literatura pode mudar o mundo (mas o que é que a literatura tem a ver com esse tema?)? Acredita que, se não lutarmos para defender a floresta amazônica, o mundo vai deixar de existir?
Pois bem, leitor! O mundo precisa de você (e você, do mundo…) na mais cordial fronteira do Brasil. A fronteira do desbravamento da floresta amazônica (Quem disse que o Brasil não tem um faroeste? Pois tem um faroeste, sim!). Nessa nova fronteira, temos a necessidade de promover a educação ambiental dos trabalhadores rurais, dos fazendeiros, dos madeireiros e dos porcos capitalistas
Diante das inexplicáveis mortes de militantes do meio ambiente (ninguém sabe por que eles foram mortos! Deve ser a violência urbana…), o governo federal já disse que quem quiser desbravar a nova fronteira vai com a ajuda de Deus. Do governo, nada, tendo em vista o governo não possuir dinheiro para ajudar esses novos missionários da defesa da natureza por ter muitos investimentos agendados para o atual ano (principalmente no aumento do salário de ministros, deputados e senadores…). Além disso, o governo federal não vê nenhum indício de relação entre os assassinatos e o desmatamento. “Uma coisa é uma coisa, e outra coisa, outra coisa”, disse o governo. “Ninguém pode ser considerado culpado sem antes o devido julgamento transitado em julgado. Assim, não podemos apontar o dedo para ninguém…” Com a mesma desenvoltura, representantes do governo afirmam que o problema do (des)matamento será totalmente resolvido com o Código Florestal – que, segundo analistas, será o mais avançado do mundo.
Aliás, querido defensor, você encontrará um público ávido por novos ambientalistas: grileiros, madeireiros e fazendeiros… Todos eles foram muito mal vistos pela imprensa, mas não se deixe enganar, querido ambientalista. Eles só são mal informados! Você pode se aproximar deles e defender suas ideias sem medo de ser feliz. Pode dizer para eles que não, não pode arrancar as árvores para somente ganhar dinheiro (que pensamento tacanho!), que não, não pode queimar tudo para se plantar soja (nossa! como eles podem pensar nisso?!), que não, não pode expulsar as populações dessas áreas somente para aumentar o patrimônio (que coisa! por que eles fazem isso com os pobres coitados?)
Explique a eles, querido amigo, que o mundo vai ser um lugar bem melhor se eles soltarem as armas, pararem de desmatar e começarem a se amar! Imagine, leitor, os grileiros e os matadores de aluguel, de óculos escuros e chapéus de cowboy americano (essa praga que nos invadiu!), com cara de mau, soltarem as armas, se abraçarem com os ambientalistas e chorarem de felicidade. Que momento de júbilo!
Eles só estão esperando vocês, ambientalistas!
Vai ser o emprego mais feliz e seguro do mundo.
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