quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Defesa da Bomba Atômica– parte I

O que era a pólvora? Trivial. O que era a eletricidade? Inexpressiva. Essa Bomba Atômica é o Segundo Advento em Ira!
Winston Churchill
Isso mesmo, leitor. Você não leu errado. Trata-se aqui da defesa da bomba atômica (e não sobre a defesa contra a mesma)– esse dispositivo tão atacado, tão difamado e tão odiado pela intelectualidade, pelos ativistas e pelo homem normal (com exceção, claro, dos militares, dos políticos e do Ahmadinejad…). Sim, meus leitores queridos, eu vou defender com o frio raciocínio que a bomba atômica foi um avanço para a humanidade e, mais do que isso, uma garantia para a nossa existência. Paradoxal, não é mesmo, leitor? Mas aqui, neste blog, sempre defendemos o uso do frio raciocínio paradoxal.
(E deixemos, claro, de lado essas questões menores de quem roubou quem na política brasileira, ou ainda e em menor magnitude, na política de qualquer país!)
Se o leitor se dispuser a ouvir meus argumentos sem preconceitos, a colocar a mão na consciência e refletir sobre nossa (mal)dita condição humana, eu creio que o leitor perceberá, sim, que a bomba atômica nos salvou. A nós, enquanto humanos, e a todos os seres viventes deste planeta (bem, sobretudo aqueles que ainda não dizimamos…). O leitor, ainda em choque com meus argumentos, pode partir de duas hipóteses: ou o presente escriba é um louco (e eu não nego veementemente que não esteja louco, porque sei, de antemão, que a primeira coisa que os insanos fazem é negar veementemente que estejam loucos…) ou o presente autor é um piadista. Eu, enquanto objeto de análise, não declaro nada, pois não sou autoridade no assunto. Deixo tudo para o leitor. Se louco ou piadista, é com você leitor e sua capacidade intelectual. O leitor mais fino e irônico notará que uma hipótese não exclui necessariamente a outra…
Além disso, o leitor poderá ficar indignado com minha afirmação, a de que a bomba nos salvou, se considerar os incidentes de Hiroshima e Nagasaki. Milhares de pessoas morreram por meio da bomba. Sim, mas e quantos os outros milhões que morreram por outros meios? O homem matou muito mais com lanças e flechas, com facas e espadas, com revólveres e pistolas… O meu intuito é afirmar que, por ser tão mortífera, por ser tão eficiente, por ser tão destruidora, a bomba atômica não serve como mais uma arma. É a arma. E, por isso, só deve ser usada em casos extremos… Mas estou adiantando o meu argumento. Sinto muitíssimo por Hiroshima e Nagasaki. Essas cidades passaram para a história como marcos do uso da bomba. No entanto, só para citar um exemplo da Segunda Guerra, o bombardeio de Dresden matou mais gente do que a bomba nas cidades japonesas (e, se quiser uma narrativa empolgante sobre o bombardeio dessa cidade alemã é só ler Matadouro 5 de Kurt Vonnegut – ele entrou para a lista de autores a se plagiar depois que li esse livro…).
Sem mais delongas, começo os meus argumentos. Em primeiro lugar, vou descrever o mundo antes da bomba. Depois, o mundo depois da bomba. Em seguida, vou dizer como seria o mundo sem a bomba, devido à natureza humana.
Vamos lá, leitor.
O Mundo Antes da Bomba Atômica
Como era mesmo o mundo antes da bomba? Um mar de rosas? Um paraíso na Terra? Paz entre os homens?
O leitor sabe essas e outras respostas.
O mundo nunca esteve em paz. Sempre em algum lugar ou outro deste planeta, ocorreram e ocorrem conflitos armados. O que acontece, de fato, é que, quando a guerra não toma o palco central das operações mundiais ou de nossas vidas ou envolve diretamente uma grande potência, não prestamos muita atenção nelas… O mundo sempre foi um lugar meio bestial e somente, em raros momentos e em raros lugares, podemos nos dar ao luxo de não sentir medo o tempo todo.
Imediatamente antes da bomba atômica, imediatamente antes de Hiroshima e Nagasaki, a humanidade sobreviveu à sua maior carnificina, a Segunda Guerra Mundial. Sim, pois mais ou menos (pois ninguém conseguiu contar os corpos um a um…), morreram, por causa da guerra, 60 milhões de pessoas (então, quase 4% da população mundial. Fonte: Wikipedia). No país que foi palco principal dessa guerra, a então URSS, o número de mortos chegou a ultrapassar dez por cento da população (13,71%). A experiência anterior, a Primeira Guerra Mundial, era chamada a Grande Guerra, porque, antes dela, nenhum outro país tinha vivido a chacina industrial a que se submeteram. Chacina industrial! Grave essa expressão, leitor! Como uma linha de produção capitalista, os homens – só havia homens nesse negócio de matar, opa! de servir ao exército – corriam para frente das trincheiras enquanto eram dizimados por metralhadoras e outros equipamentos. As trincheiras e os arames farpados foram a resposta lógica contra o poderio maquinal das armas de fogo. Não havia mais a honra cavalheiresca. Não havia mais disputas entre os melhores, como Aquiles contra… Quem mesmo? Ah, deixa pra lá! O negócio da guerra era o aumento estratosférico de mortes! E quem conseguia suportar o tranco – não só humanitário, vamos dizer assim, mas sobretudo econômico (é a economia imbecil!…).
Assim, as armas levaram a guerra a um extremo total. Um militar de meados do século passado pensaria da seguinte maneira: temos que investir em tecnologia (mais armas, mais canhões, mais tanques, mais, mais, mais!) e temos que obter mais bucha para canhão (todo mundo no exército!). Quando ele obtinha essas condições, já começava a cantar de galo para seus vizinhos (sobretudo se os vizinhos não as tivessem!).
No entanto, estou sendo muito teórico. Vamos imaginar um caso prático. Imagine o leitor que sua casa é um país, que você é, ao mesmo tempo, soberano e único súdito desse reino. Claro você pode se intitular presidente, senador, rei, imperador – o que você quiser. Pode criar constituições, leis, artigos ou pode simplesmente fazer o que lhe der na telha sem ser incomodado pelos vizinhos. Mas os vizinhos incomodam. Pior, os vizinhos são incomodados por você. Assim, os vizinhos começam a se armar e esperar um momento propício para atacar você. O que você faria? Chamar a polícia? Mas não existe polícia! Você é o único recurso, o último salvador (No caso das nações na época da primeira e da segunda guerras, realmente não existia polícia internacional. Existiu a Liga das Nações. Peraí, existiu de fato a Liga das Nações?). O que você faz? Vai esperar ser invadido? Ou vai tentar se proteger?
Essa era precisamente a situação dos países. Não havia ordem mundial a não ser a da força. As nações ainda estavam no nível da guerra de todos contra todos. Levou muito tempo para saírem… Opa, será que já saíram?
Dessa forma, o mundo antes da bomba, com o avanço tecnológico das armas, era um mundo em que havia guerra, mortes, chacinas, etc. Um mundo bem legal, não é mesmo?
Mas, aí, o leitor pergunta: “Ô Tito, tudo bem! O mundo era uma bosta antes da bomba! Mas você tá me dizendo que o mundo é melhor com a bomba?”
Eu: “Isso mesmo.”
Leitor: “Você tá doido.”
Eu: “Pode ser. Como disse, não descarto essa possibilidade. No entanto, eu vou afirmar agora por que eu acho que a bomba tornou o mundo mais seguro.”
Leitor: “Eu tô fora!”
Eu: “Calma. É só mais um pouco. Se quiser, podemos continuar nessa forma dialogal, socrática…”
Leitor: “Não põe Sócrates no meio disso não. Ele vai se revirar no túmulo…”
Eu: “Tudo bem. Mas vamos continuar…”
Leitor: “Não há como continuar. A bomba é ruim e pronto!”
Eu: “Talvez… Talvez não.”
Leitor: “Você quer me fazer crer que a bomba foi um avanço para a humanidade?”
Eu: “Sim.”
Leitor: “Que ela significa mais segurança para o mundo?”
Eu: “Isso mesmo.”
Leitor: “Você é louco.”
Eu: “Pode ser.”
Leitor: “A bomba é ruim. Pode matar a todos. Pode destruir tudo. A bomba deve ser banida.”
Eu: “Concordo quando você diz que a bomba pode matar a todos e destruir tudo. Mas discordo do resto.”
Leitor: “Ora, você é um idiota.”
Eu: “Pode ser. Mas deixa eu fazer uma pergunta.”
Leitor: “Tudo bem.”
Eu: “Você viu minha descrição do mundo antes da bomba?”
Leitor: “Sim.”
Eu: “Pois bem. Eu não estou dizendo que o mundo com a bomba é perfeito. Longe disso. Só estou dizendo que o mundo com a bomba é mais seguro. No atacado, bem visto. No varejo, sempre há o risco de uma guerra local em que as grandes potências não vejam nenhum atrativo em impedir (ou, até mesmo, seja promovida por uma grande potência e as outras não queiram intervir).”
Leitor: “Mas isso é muito podre!”
Eu: “Com certeza. Por exemplo, você lembra o genocídio em Ruanda em 1994?”
Leitor: “Sim.”
Eu: “Está familiarizado com os fatos ou só ouviu falar?”
Leitor: “Devo admitir que só ouvi falar.”
Eu: “Obrigado pela sinceridade, leitor. Por isso que gosto de você. Há um livro sobre o tema que estou lendo. O nome do livro é Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias de Philip Gourevitch. Esse cara aí é um jornalista que foi lá em Ruanda logo depois do genocídio. Quer saber mais dele, lê aqui no wikipedia (em inglês, mas roda o google translate).”
Leitor: “Como é que vou clicar se estou falando com você?”
Eu: “Não. Só estou falando com meus outros leitores.”
Leitor: “Tá, tá. Mas o que você quer me dizer com esse livro?”
Eu: “Ok. Em determinado momento do livro, ele diz assim:
‘À medida que eu viajava pelo país, recolhendo relatos do massacre, parecia quase como se, com o facão, o masu – uma clava cravejada de pregos –, umas poucas granadas bem colocadas e umas poucas rajadas de rifle automático, as ordens silenciosas do Poder Hutu haviam tornado obsoleta a bomba de nêutrons.’”
Leitor: “Cara, eu até concordo que o ser humano ainda é um animal. Mas ainda acho que a bomba é um problema, não uma solução.”
Eu: “Ok. Eu vou continuar com meus argumentos e depois nós continuamos a nossa conversa.”
Leitor: “Tá, mas continua em outro post que esse já está muito longo pelos padrões vigentes. Você escreve e fala demais.”
Eu: “Tudo bem. Mas devo dizer que você ofendeu os animais quando os comparou com os humanos…”
(Continua…)

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