sábado, 27 de agosto de 2011

A Defesa da Bomba Atômica – parte II

Eu: “Conforme prometido, continuo a minha defesa da bomba.”

Leitor: “Tá, tá. Já sei. Não dá para entrar no seu argumento logo?”

Eu: “Calma, leitor. Só peço um pouco de paciência…”

  O Mundo Depois da Bomba

Vocês conhecem que o argumento dos EUA para terem usado a bomba em Hiroshima e Nagasaki era forçar uma rendição do Japão? No argumento, os americanos dizem que eles pouparam vidas (norte-americanas, bem entendido…), pois a esperança japonesa era matar tantos americanos quanto pudessem para, por sua vez, poderem negociar um tratado de paz mais palatável a seu gosto. Também tinha aquele negócio samurai de que japonês não perde nunca, que é melhor morrer que perder, que, se perder, o negócio é se matar…

Assim, duas bombas foram lançadas. E começou o Segundo Advento em Ira! As bombas queimaram o céu, a terra e tudo o que é vivo.

Qual o possível espólio depois de uma guerra atômica?

Nada.

Qualquer tentativa de se ganhar uma guerra atômica esbarra no mesmo resultado. A destruição total.

Ora, desde que o homem é homem, ele sempre pesou as vantagens e desvantagens de se atacar o próximo. “Se eu der uma porrada na cabeça do meu aliado, eu poderei ficar com os seus tesouros, suas mulheres e tudo mais que eu quiser? No entanto, ele ou alguém de sua família podem me contra-atacar…”, pensava o homem da caverna.

Da mesma forma, as nações. Nenhuma nação ataca a outra sem a certeza ou, pelo menos, uma alta probabilidade de êxito. Todas as nações querem poder e poder se conquistava com domínio de terras, vassalos e ouro.

Quando a bomba deixou de ser monopólio para se tornar, primeiro, um duopólio, para, em seguida, um oligopólio: as grandes nações tremeram. Uma bomba atômica não é uma armazinha qualquer, disseram os especialistas. A bomba é máquina do apocalipse. A bomba é o dispositivo de destruição em massa. A bomba é o final de partida. Depois da bomba, não haverá nada ou o que haverá não valerá a pena…

Sim, meus amigos. Os EUA e URSS não entraram efetivamente em uma guerra final (final para as partes…), pois a bomba estava na jogada. Como fazer uma guerra sem a bomba? Como usar a bomba em uma guerra?

Depois que as duas potências aumentaram o seu arsenal atômico, a guerra em si tornou-se o grande pesadelo. Uma situação inusitada surgiu. Nenhuma das potências poderia realmente ganhar a guerra. Não haveria espólio, pois a destruição seria de tal monta que a própria civilização deixaria de existir. A guerra atômica seria o fim do próprio mundo, tal como o concebemos.

Aí o leitor pode argumentar que toda a guerra traz o seu nível de destruição. Certamente, leitor. Toda guerra é uma sujeira, um inferno e uma demência. Mas os homens – e, até recentemente, somente os homens… – calculavam suas possibilidades de se darem bem em uma guerrinha. Quando um país não demonstrava muita resistência e quando esse mesmo país não tinha apoio internacional, a resposta era evidente: guerra.

O nível técnico das armas bélicas chegou a tal ponto que é possível matar há milhares de quilômetros de distância o inimigo. A ainda maior potência do mundo utiliza esse método “limpo” de assassinato para poupar as preciosas vidas de seus soldados – e a vida dos inocentes e civis são apenas dano colateral. Os EUA, a Rússia e outros países ainda fazem suas guerras locais.

Mas, mesmo sem a utilização da bomba, uma guerra hoje entre as grandes potências significaria uma chacina sem precedentes. A parafernália tecnológica aumentou em muito o grau de precisão, como dizemos acima. Iria morrer muito mais gente do que na Segunda Guerra. Seria um lamaçal de sangue, bombas químicas, estilhaços de granadas, chuva de mísseis… A guerra tornou-se um negócio tão bem planejado que matar tornou-se uma ninharia. Basta montar uma bomba e bum! você matou mais do que Jack, o Estripador.

Assim, por paradoxal que seja, a bomba atômica nos salvou dessa super-guerra. Salvou-nos por ser altamente mortífera e destruidora! Até os políticos tomam cuidado quando dizem que vão usar a arma do apocalipse! A bomba, hoje distribuída entre as grandes potências, tornou uma guerra em massa um suicídio coletivo – e não uma mera possibilidade de suicídio. A bomba tornou a dominação mundial um pesadelo – ao invés de um sonho.

Claro, vivemos em um mundo louco, inóspito e desigual. Mas com alguns raros momentos de alegria. No entanto, vivemos por causa da bomba. Sem ela, teríamos já passado pela terceira, quarta e, quiçá, quinta guerras mundiais. Sem ela, poderíamos viver em outro mundo pior do que… este. Sim, o fim do mundo é uma possibilidade tangível com a bomba atômica, mas, por ser possível, os homens tiveram medo de usá-la para seus escusos fins.

Basta lembrar, meus queridos, o delicioso filme Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb de Stanley Kubric, no qual a máquina do apocalipse é ativada depois de um conjunto de trapalhadas. Estivemos bem perto desse caminho, é certo, mas, ei, quem disse que na vida tudo são flores?

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