quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Democracia e você

A melhor forma de governo? A mais perfeita maneira de se conduzir a coisa pública? O governo da maioria? O governo do povo, pelo povo e para o povo?
Sim, meus caros (e)leitores, tudo isso vocês já ouviram.
Mas vocês acreditam nisso?
Acreditam que vivemos no melhor dos mundos porque somos democratas (não do partido do Obama, mas democratas por estarmos numa democracia)?
Claro que acreditamos.
Acreditamos que a democracia é a melhor forma de governo ou regime (essas distinções só servem para provas de concurso público), porque vivemos numa. Já vivemos em uma ditadura e o povo não gostou (pelo menos, o povo que escreve livros e teses, que ocupa cargos públicos, que dá aulas em universidades. Lembram-se do Médici? Pois é. Ele sempre teve alta popularidade...). E hoje vivemos numa democracia. Por isso, batemos no peito e dizemos que a democracia é a melhor forma de governo.
A democracia é a melhor forma de governo, porque é a mais lisonjeira com o cidadão comum.
Numa ditadura, o cidadão comum agradece a Deus quando o governo não liga muito para ele. Quando o governo começa a se importar... Bem, melhor nem pensar. Em uma democracia, o governo e os aspirantes a governo, periodicamente, acenam para o cidadão. 
Vote em mim! Eu sou melhor. O outro é o capeta, etc e tal.
O cidadão comum se sente! Olha para si mesmo e diz: "Eu sou importante! O governo me procura!"
E nós acreditamos!
Além disso, a democracia é a nossa forma legítima. Não acreditamos mais que Deus escolheu uma família para nos governar ou que a ditadura do proletariado é melhor do que a da burguesia, certo? Acreditamos que somos seres racionais que escolhemos nossos candidatos por suas propostas de governo.
Certo?
Errado.
Na verdade, nossas escolhas se dão mais emocional do que racionalmente. Gostamos ou desgostamos dos candidatos e, depois, procuramos razões para nossas preferências. Várias pesquisas foram feitas. Científicas. E eleitoreiras.
Todo profissional de marketing sabe que vale mais um jingle bem feito do que mil palavras em um discurso sem fim (Fidel Castro conseguia fazer seus discursos, porque, caso contrário...).
Mas vivemos numa democracia! Tudo está certo.
Claro que uma democracia um pouco desajustada, mas, ainda assim, uma democracia. Votamos nos candidatos. Eles são eleitos e ficam quatro ou oito anos fazendo o que lhes dá na telha (Na última eleição federal, algum candidato falou que o primeiro ato seria duplicar ou triplicar o seu próprio salário? Não. E o que eles fizeram logo em seguida?). Será que eles podem tanto? Melhor dizendo, eles fazem o que os grupos econômicos poderosos querem que eles façam. Podem até fazer um pouquinho diferente, podem até criar alguma coisinha bonitinha, mas, no final, é a economia, imbecil.
E a democracia dá a sensação de dever cumprido. Votamos! Mandamos o cara para o poder. E daí o que acontece depois? E daí não existir nenhuma forma acessível de controle? E daí que os políticos não se veem obrigados a dar uma resposta à população?
O povo é um mau necessário apenas no momento da eleição. Ou para medir a popularidade.
Só.
Depois disso, o povo é descartado.
Acabou.
Quem acredita que a democracia é o governo do povo está redondamente enganado. Somos chamados a escolher um candidato dentre vários candidatos que não escolhemos. Claro. O partido é quem escolhe. Pronto. Os partidos políticos são grupos interessados em chegar ao poder. No poder, eles terão prestígio e a faca na mão. Poderão impor suas condições para os outros partidos, que querem chegar ao poder, etc. Democracia é bom para os políticos, desde que eles se sintam confortáveis com a situação.
Pronto.
Ao povo, ao cidadão comum, que fica com cara de bobo quando o político vem abraçá-lo na calçada, que fica se achando quando consegue apertar a mão de seu candidato famoso, que não tem noção nenhuma do que um vereador faz, ao cidadão comum somente cabe a ilusão. Essa ilusão de que se é importante. Pelo menos, naquele momento.
Mark Twain disse: "Se votar fosse importante, eles não nos deixavam fazê-lo".
Pois é. Ele tava certo.
Agora, meu querido, minha querida, enquanto caminhar por sua cidade, enquanto vir toda essa parafernália dos candidatos, lembre-se de que eles não estão nem aí para você. Eles se preocupam primeiramente com eles mesmos. Ponto.
Uma maneira de mudarmos alguma coisa mesmo era criar-se uma Controladoria Geral dos Políticos - formado por integrantes com cargos vitalícios. Como eles seriam indicados? Bem, acho que vou deixar essa para outro post.

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