É com grande satisfação que retorno aqui para falar com você, Mim Mesmo.
Estamos há muito tempo sem falar um com o outro.
Eu estou perdido sem Mim Mesmo!
Nesse grande mundo cibernético, Mim Mesmo parece ser o único que me escuta e que me lê.
Bem verdade é que não sou famoso, nem escritor publicado, nem dramaturgo encenado, ou qualquer coisa do gênero.
Sou um simples escritor indigente.
Espero escrever textos inteligentes e interessantes, mas minhas táticas de autopromoção são lá bem fracas. Para não dizer, inexistentes. Estou tentando melhorar isso. Pois, como todo bom blogueiro, quero ser lido por pessoas mais extrovertidas e falantes do que Mim Mesmo.
Hoje, li, em muitos sites e blogs, que muita gente acha que a Internet pode ser tomada como o grande e paradisíaco meio de comunicação, mas uns poucos a consideram maliciosamente nociva.
Esses pessimistas afirmam que todo novo meio de comunicação passou por um período de euforia e, depois, de desgaste. Quando um homem ou mulher (porque, francamente, meus companheiros de sexo masculino, as mulheres nos dominariam se não pensassem em assuntos mais importantes) inventou o sinal de fumaça, muitos pensaram: "Minha nossa! Assim podemos nos comunicar com a outra tribo de uma hora para outra!" E, se houvesse algum otimista, ele diria: "Ah, finalmente, assim não haverá mais desentendimentos entre nós e eles. Poderemos conversar a qualquer tempo e todas as nossas desavenças desvanecerão". As tábuas com mandamentos, os desenhos nas cavernas, o livro manuscrito, o livro impresso, o jornal, o rádio, a televisão! Todos passaram por esses mesmos pensamentos: "Oh! Como será maravilhoso o mundo depois..." Com maiores ou menores variantes, a História nos tem mostrado como todas as novas invenções são usadas para os mesmos fins. O problema não está no meio de comunicação, mas no ser humano... É o que afirmam eles, meus colegas pessimistas, que não acreditam em um futuro melhor.
Contra essa argumentação, os otimistas, que veem um futuro de céu azul a cada esquina do Tempo, replicam afirmando que a Internet é o primeiro espaço, ainda que virtual, livre da humanidade. Antes, as edições de livros e jornais estavam dominadas pelos grandes interesses. Os filmes e as peças de teatro, controladas por essa figura difícil que é o produtor. Com a internet, basta ter um computador e pronto! Você tem acesso ilimitado (dependendo da conta que você paga ao provedor, é claro!) ao Grande Mundo. Todo mundo pode escrever o que acha. Todo mundo pode se expressar do jeito que quiser. Todo mundo pode fazer um vídeo engraçado e postar no you tube. Todo mundo, como eu, pode escrever seus pensamentos e mandar para o mundo. É um espaço democrático (de novo, para quem tem dinheiro para pagar...).
Por isso, a internet é o grande Nirvana, o Paraíso e, quando todos estiverem convencidos disso, o mundo será um lugar melhor para viver.
Os pessimistas, na verdade, avisam que esse mundo é um mundo fragmentado, onde não há discussão, mas um eterno monólogo. Não há uma verdadeira união. Nem sequer tentativa. O espaço torna-se um espaço para gostos, preferências e atitudes similares. Quem é marxista não lê quem é capitalista. Quem é contra o aborto não visita o blog de quem é a favor. Quem não acredita em Deus não abre a página de quem acredita. E por aí vai...
Eu, por outro lado, após muito matutar, cheguei à conclusão de que os dois lados estão errados!
Internet é o espaço democrático exatamente por ser uma conversa com Mim Mesmo.
Pois, prestemos atenção, "conversa com Mim Mesmo" não começou com a Internet. Sempre foi assim. Vão me dizer que não? Se você gosta de literatura e de teatro, mas odeia política e economia, você vai comprar o jornal de literatura e teatro, ou só vai ler as suas respectivas seções em seu jornal predileto. Se você adora esportes, vai ler a seção de esportes, vai mandar cartas sobre esportes... Não é a Internet que criou as divisões dos diversos assuntos humanos e não será esse novo meio de comunicação que com elas acabará. Será o homem. Ou melhor, o ser humano. Se não for interesse de nós enquanto espécie, não terminará a grande verdade: "Cada cabeça uma sentença".
Assim, a Internet é o grande Nirvana para quem, como eu, só quer manter uma conversa com Mim Mesmo. Pois, é uma verdade (que chega a fazer parte da natureza humana) só queremos ouvir aquilo que nos agrada. Só queremos ver aqueles de quem gostamos. Só queremos que todo mundo goste de nós.
E quem melhor a não ser Mim Mesmo para atender a todos esses requisitos?
No entanto, noto que Mim Mesmo está um pouco estranho, ultimamente.
Mim Mesmo está muito sorumbático, macambúzio. Eu não entendo Mim Mesmo. Quero conversar, falar, botar para fora todos os meus pensamentos!
E Mim Mesmo, nada.
Quieto. Impenetrável.
Mim Mesmo, às vezes, fica muito ensimesmado. Espero que Mim Mesmo melhore, já que somos muito próximos. Caso contrário, vou querer distância dele.
Assim, não dá. Não posso continuar assim.
Vou voltar a conversar com o Macaco Tião.
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