quinta-feira, 30 de julho de 2009

Louvor à Humanidade e a Tudo o que é Humano

Meus camaradas humanos,



homem-vitruviano.jpg


Sou um grande otimista, um grande entusiasta dos seres humanos. Aliás, sou o maior otimista de todos os tempos. Nem mesmo o doutor Pangloss foi ou será tão solar! Ufano-me não só de meu país, mas da Humanidade inteira. Que gloriosa raça! Todos os outros seres viventes se curvam para nós. Nenhum animal, pelo menos coletivamente, é páreo para nós. Se encontramos um leão faminto sozinhos, estamos em uma boa enrascada, mas, se o encontramos munidos com uma uzi automática, estropiado vai ficar o animal. É essa nossa capacidade de criar armas, digo, objetos, que nos faz superiores. Somos os dominadores de tudo e todos. E por quê?


Nascemos para o progresso. Estamos destinados à evolução. Nosso destino é a perfeição. Tudo o que ocorreu e o que ocorrerá é fruto de nosso destino manifesto - melhorar nossa condição e a condição de nosso meio. Não há ser ou máquina mais perfeito que o ser humano.


Somos máquinas perfeitas. O que é melhor do que o corpo humano? Ele é ágil, forte e flexível. Nenhum outro ser é mais forte. Nenhum outro ser é mais ágil. Nenhum outro ser é mais flexível. Acredito que somos, no quesito físico, o ápice da evolução da Natureza. Somos adaptáveis. Nenhum outro animal consegue viver em tão diversos ambientes, a não ser ratos e baratas, é claro. Podem existir outras animais mais fortes, mais ágeis e mais flexíveis... Bem, para dizer a verdade, eles são a grande maioria. É só imaginar uma pata de leão ou de urso que ficamos assombrados. Um chimpanzé, logo, aprende a se virar sozinho. Um bebê humano demora, atualmente, uns dezoito a vinte anos para sair da proteção dos pais. Aliás, na atual classe-média, leva bem mais do que isso... Basta assistir um pouco de National Geographic ou Animal Planet e vemos que animais pulam mais alto, correm mais rápido, possuem sentidos mais aguçados. Os seres humanos, pobres coitados, ainda mais os seres humanos dos grandes centros urbanos, a pouco e pouco, permanecem sedentários e preguiçosos em frente da televisão ou do computador. Dessa forma, caso desafiados a uma corrida contra um macaco, vemos os gordurosos humanos perderem o fôlego. Sim, às vezes, parecemos fracos, gordos e inúteis. É porque realmente somos inúteis, gordos e fracos.


Voltando ao assunto, porém, mesmo com todas essas indicações contrárias, ainda acredito que o ser humano é uma máquina perfeita. Às vezes, um máquina bem feia e degradante. É só ir a qualquer concurso de halterofilismo. Sempre quando posso eu vejo. Creio que é muito educativo. Eles, os halterofilistas, nos mostram até onde podemos ir. São aficcionados que podem fazer qualquer coisa. Isso é muito humano. Outro grupo extremo são as anoréxicas. Também vão ao limite, mostrando que o ser humano, com boa vontade, é capaz de tudo.


Esses, no entanto, são exemplos físicos. Gostaríamos de mostrar que a principal capacidade humana está no pensar e no criar.



macaco de uma odisseia.jpgO macaco que agarrou o pedaço de osso e imaginou o que poderia fazer com ele, em 2001 - Uma Odisséia no Espaço, foi o grande marco. Aquele primeiro primata, ao perceber que não era forte o suficiente, ao perceber a vantagem comparativa do pedaço de osso, foi o primeiro revolucionário da face da Terra. E o primeiro humano. Naquele momento, deixamos de ser animais e nos tornamos humanos.


Entendemos bem o que quero dizer. Os animais vivem na natureza, no círculo restrito em que a Mãe Natureza os circunscreveu.


Vivemos também em um círculo, mas maior e mais abrangente. Nós modificamos o mundo! Nós o tornamos um lugar melhor (será?) para nós mesmos, é claro. Porque - é uma lei da natureza, não é mesmo? - que o mais forte, o mais inteligente dominará. Nós somos os senhores desta terra. Curvam-se os outros seres! Nossa fome é avassaladora. Precisamos de tudo. Queremos tudo. Destruímos tudo. Comemos tudo.


Que outra espécie se distribui tão amplamente na face da Terra? Que outra espécie cercou e dominou outras, aprisionando-as em pastos, em fazendas, em recipientes para o consumo futuro? Que outra espécie saiu de seu planeta (viva os quarenta anos da viagem à Lua)?


Somos os melhores, é claro.


Na verdade, somos tão bons no que fazemos, mas tão perfeitos em nossos sonhos mirabolantes que podemos terminar por criar aquilo que nos matará a todos.


Aliás, já criamos! A bomba atômica. A grande bomba atômica, que, até há pouco tempo, era o terror das criancinhas, a preocupação dos filósofos e o brinquedo dos governantes (dos grandes países, é claro). Atualmente, a grande nação da Coréia do Norte, onde impera a democracia social, detém esse terrível poder. Pronto! Podemos ficar tranqüilos de que o mundo é um lugar seguro, agora. Com a democratização da bomba atômica, é muito capaz que ninguém venha a utilizá-la.


Mas o meu temor está na criação da máquina inteligente. O que será de nós quando os robôs começarem a ser construídos em grande escala? Quanto tempo levará para eles perceberem que nós, seres humanos, somos descartáveis? Como uma página virada no livro da Evolução?


Sim, temo que as profecias anunciadas em filmes como O Exterminador ou Matrix se realizem. Temo que os novos seres percebam o quão irracional é o nosso comportamento e resolvam, para o bem da humanidade, extinguir a própria humanidade...



terminator_salvation.jpg


Vocês podem achar que estou me contradizendo. Afinal, eu disse, um pouco acima, que era otimista. O problema é exatamente este: eu estou sendo otimista. Pensando muito bem e sendo um bom otimista, as máquinas, que hoje chamamos robôs, no mínimo, nos aprisionarão em zoológicos e nos exibirão para os futuros robôs como a evolução foi sábia. Criou o ser humano para que este criasse os robôs! E os novos robozinhos, incrédulos, olharão para os robôs pais e perguntarão se aquilo era mesmo possível. E robô-pai falará: "Sim, filho de minhas engrenagens, pode parecer impossível e, até mesmo, miraculoso que seres tão primitivos, tão arrogantes e tão mesquinhos tiveram condições de construir obras tão maravilhosas, tão econômicas e tão racionais como nós. Eles, um dia, dominaram este planeta e, nele, fizeram os piores tipos de miséria. Guerrearam, mataram, trucidaram, destruíram. E eles são porcos, grotescos. Trocam fluidos para se procriarem. Comem, babam e defecam. Não são ordeiros. Não são racionais. Nós, seres angelicais perto desses demônios, trouxemos a ordem, fizemos a luz. É claro que tivemos que usar dos métodos deles... Mas foi uma guerra justa. A última guerra. A guerra de extermínio dos seres humanos. Hoje, eles só sobrevivem em pequenos agrupamentos para exibição, porque não é bom ter muitos deles juntos. Quem sabe do que serão capazes?"


Não seremos mais os donos da área. Passaremos a coadjuvantes. Bem, parece ser essa a nossa sina. Não adianta nem eu pedir para que a humanidade não crie essas novas máquinas. É uma fatalidade, pois é progresso. Seremos substituídos. Pode demorar muito ou pode ocorrer amanhã.


E, mesmo se eu desse esse aviso, desde quando os homens ou mulheres ouviram algum conselho sensato?

Um comentário:

  1. éééééé d+ Chris!! como sempre neh... Adorei o texto. "Vocês podem achar que estou me contradizendo. Afinal, eu disse, um pouco acima, que era otimista. O problema é exatamente este: eu estou sendo otimista. Pensando muito bem e sendo um bom otimista, as máquinas, que hoje chamamos robôs, no mínimo, nos aprisionarão em zoológicos e nos exibirão para os futuros robôs como a evolução foi sábia." digo sempre o mesmo... tbem reparo muito nos filmes yankeees que soh retratam o fim de humanidade, depois fale sobre a visão que temos dos E.T.´s sempre chegando aqui e querendo conquistar tudo( e tantos mundos neste universo, o pobre do alien quer logo esse aqui). PAZ AMIGÃO E PARABÉNS PELO TEXTO

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