segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Da Necessidade da Guerra(?)



Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.

Quincas Borba, grande filósofo


A guerra é necessária ou é apenas uma discrepância do comportamento humano? Essa é uma questão filosófica, amigos! Pois, no bojo dela, vai lá, escondida, subterrânea, ocultada, a questão da bondade e maldade humanas. Se somos seres irremediavelmente maus e terríveis (não importa aqui o porquê, mas, sim, que somos maus), como na maior parte do tempo somos, então a guerra, o estupro, o assassínio, a escravidão são fatos normais de nossa realidade. Agora, caso sejamos intrinsecamente bons e fomos desvirtuados pelo pecado original, Diabo, capitalismo, má educação ou acaso genético, então devemos consertar o que está errado, tomar o rumo certo e sermos felizes para sempre.

Essas duas teorias ou visões do ser humano são as extremas, a do mal e a do bem, mas outras há em que se considera o ser humano, às vezes, bom e, outras, ruim (e muitas, péssimo!). Podemos chamar essa última teoria de mista do ser humano(como sempre há nesses casos, não é mesmo? Seria a tal da tese, antítese e síntese? Ou meio-caminho? Ou o estar-em-cima-do-muro filosófico). E poucos a professaram, pelo menos, abertamente.

Disperso-me, no entanto. Em outro post, continuo tema tão interessante. Nesse, especificamente, falo sobre a guerra. E a guerra como necessidade. Mas que tipo de necessidade seria esta?

A opinião comum e politicamente correta não somente afirma que a guerra é um erro inenarrável e uma afronta à moral e à ética, por matar milhões de seres humanos (sem contar nossos pobres amigos animais...), mas também que é responsável pelo descalabro da máquina econômica, prejudicando os bons negócios do libérrimo capitalismo. Esses argumentos encontram-se espraiados em ampla literatura e nos meios de comunicação. Podemos afirmar que surgiu com o advento da moderna democracia e dos então revolucionários meios de comunicação, que prometiam alterar o mundo para melhor, é claro, e que, por um momento, pareciam ter alterado mesmo.

Depois da Primeira Guerra Mundial, que não tinha esse nome, pois ninguém imaginava uma segunda, os europeus, por terem sofrido anos e anos de carnificina humana perante às máquinas de destruição, comandadas por humanos, obviamente, enfim, os europeus ficaram chocados com esse tipo de guerra. A guerra da era moderna. A guerra das máquinas contra a carne. A guerra química. Antes, na época de Napoleão, de César, de Crommwell, a guerra era um fato mais aceitável e, em muitos casos, venerado. Matar com espadas - enfiar a lâmina na viva carne humana para rasgar e trucidar - não era pior que matar com o moderno armamento de fogo, ou seria? É só assistir aos filmes de Mel Gibson, em especial Coração Valente, para perceber que as guerras de lanças e espadas eram muito mais civilizadas do que as atuais.

No entanto, nesse meio tempo, entre a Revolução Francesa e a Primeira Guerra, houve a revolução industrial e tecnológica. Enfim, o capitalismo triunfou. E o cálculo matemático dominou os generais. Ou melhor, o cálculo econômico. (Um amigo meu, mais erudito e esperto, me afirma que sempre foi assim. Quem tinha como financiar as guerras a longo prazo, é que levava as batatas para casa. Citou até um livro, A ascensão e queda das Grandes Potências de Paul Kennedy - e eu fiquei assoberbado com minha ignorância...). E, com o cálculo econômico, as considerações de como matar com o menor custo - e suas aplicações imediatas. A metralhadora foi um bom avanço nesse sentido, e os cientistas que a fizeram pensaram haver construído a arma perfeita. Ledo engano. Muito ainda pode se aperfeiçoar nesse sentido. É só assistir no National Geographic.


Mas, depois que a máquina entrou no jogo da guerra, os conflitos perderam o glamour inicial. É só ver no Último Samurai de Tom Cruise. Assim, os cidadãos, tementes a Deus, quiseram banir a guerra como forma de resolução de conflitos. Leiam a Carta das Nações Unidas e verão que o mundo seria um lugar muito melhor se todos se resignassem e obedecessem os EUA... Não seria um mundo bem mais simples? Pelo menos, para os norte-americanos.


Também creio que, com a criação da bomba atômica (ai de nós, por Nagazaki e... como era mesmo o nome da outra cidade?), os seres humanos pensem bastante antes de começar uma nova guerra. Pelo menos, contra alguém que tenha a bomba. Se vocês tiverem e o outro não, pensem bem de quem é a vantagem.


E a Segunda Guerra foi causada por um homem, Hitler, que via na guerra a própria essência de evolução da espécie. Se os outros, sobretudo os ingleses e norte-americanos de então, acreditavam fielmente que poderiam evitar a guerra, dando de graça o que Hitler queria, como é que não perceberam que Hitler estava disposto a conseguir mais tirando à força? Só um Churchil, talvez... Quando os pacifistas ingleses viram que teriam de aturar uma ditadura alemã, os brios nacionalistas fizeram muito deles pôr entre parêntesis suas crenças e aderir à guerra. Pois, no jogo diplomático internacional, ninguém quer ficar por baixo, mas só por cima. Nem mesmo os homens tementes a Deus.


Pois, foi um homem temente a Deus, da Nação defensora da democracia, que iniciou uma guerra. De George Bush podemos falar horas e horas a fio. Já o fizemos grande líder da humanidade, em um post anterior, mas, desse grande líder, não podemos duvidar que era um homem muito inteligente e modesto.


Pois, vejam bem, o argumento que usou para iniciar a guerra no Iraque foi, ao mesmo tempo, brilhante e simplérrima. Você está na sua casa quieto, mas sabe que tem um inimigo. Você sabe que tem um inimigo e, por isso, tem um arsenal inteiro de armas em sua casa. Você, aliás, já deu uma surra nesse seu inimigo por alguma desavença anterior. O inimigo diz para você que não está produzindo ou comprando arma nenhuma. O inimigo diz que não tem intenção nenhuma de atacar você. Mas como acreditar no inimigo? Melhor mesmo acertar uma paulada na cabeça dele antes que ele acerte na sua. Está aí, meus amigos, a teoria da guerra preventiva. Melhor prevenir do que remediar... Mas o Saddam não tinha as armas de destruição em massa? Bem, detalhes... E, se não tivesse, poderia ter, não é mesmo? Por essas e por outras, é que Bush pode ser considerado um dos grandes líderes da humanidade.


Assim, também o argumento de que a guerra pode ser maléfica para a economia carece de fundamento. Pode ser prejudicial para parte da economia, mas, para a economia como um todo, muito pelo contrário. Basta recordar que a Alemanha passou por uma grave crise econômica antes da Segunda Guerra e que Hitler trouxe o crescimento econômico quando começou a se preparar para as batalhas. Dessa forma, a indústria bélica sempre agradeceu as eventuais guerras no mundo. E, se lembrarmos que a indústria bélica emprega muita mão-de-obra, não podemos ser indiferentes aos prejuízos para esses pais e mães de família. O que seriam deles se não houvesse guerras no mundo? Poderíamos ser indiferentes - como o somos - às guerras e genocídios que ocorrem todos os dias em algum lugar remoto do planeta. Poderíamos ser indiferentes à guerra que ocorre ao nosso lado, nas favelas. Poderíamos ser indiferentes a tudo, mas à queda na produção da indústria armamentista- isso é ir além dos limites.


Bem, acho que muito falei. Creio que nada provei, mas não era meu intento. Apenas um devaneio pelo que muitos consideram um mal, mas que é uma constante, ainda que intermitente, da vida humana. Pode ser que a guerra só desapareça da face da terra quando o último homem também desparecer...

Um comentário:

  1. Acho que a necessidade de guerra, nada mais é que a soma da necessidade individual do homem pela batalha.
    Seja ela contra o Diabo, o preconceito, a injustiça ou qualquer outro tema.
    O home precisa lutar para achar o sentido da vida!

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