quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Muntadhar al-Zaidi: o homem que jogou os sapatos em Bush

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Vivemos em um mundo de liberdade e igualdade, não é mesmo? Em uma era de prosperidade e de fraternidade! Quando ligamos os nossos fabulosos aparelhos de tv, navegamos em nossos computadores ou quando lemos nos volumosos jornais, ficamos impressionados com a vasta quantidade de notícias sobre a generosidade e bondade humanas. Percebemos que o mundo realmente está caminhando para uma nova era de paz e de fraternidade... Ah, como é bom ser humano neste início de milênio!



Por exemplo, temos as guerras no Iraque e no Afeganistão, que foram medidas da bondade(?) e da grandeza(?) do governo norte-americano. À parte as intermináveis discussões sobre guerras, como a que já feita aqui , fica bem evidente que os EUA somente atacaram os outros países porque ou foram atacados anteriormente ou porque seriam atacados no futuro. Como a melhor defesa é o ataque, muito espertos foram os norte-americanos, pois trataram de bater antes de apanhar, de matar antes de serem mortos, de torturar antes de serem torturados, pelo menos no caso dos iraquianos.

Dessa forma podemos perceber que a guerra entre EUA e Iraque foi uma verdadeira batalha de Davi e Golias, mas, no caso, quem tinha as melhores armas na mão era o próprio Golias. Por meio da força, os EUA decidiram desbancar o ditador iraquiano Saddam Hussein e institucionalizar a democracia. Como são bons os norte-americanos! Querem levar a democracia para todo o mundo! Claro que os poços de petróleo são como um bônus para tamanha generosidade do governo norte-americano, pois generosidade demais, ainda mesmo quando se trata dos EUA, pode parecer suspeita.

Mas, sinceramente, acredito nas mentiras
, digo, nas boas-intenções de nossos amigos e companheiros norte-americanos.

E imensa gratidão o povo iraquiano tem para os EUA e seus representantes, em especial, ao grande George W. Bush. Basta você ir às ruas de Bagdá e perguntar a qualquer um o que eles acham de Bush. Creio que vai ser uma entrevista, no mínimo, muito interessante.

Um desses iraquianos, que deve muito agradecer a Bush e a todos os norte-americanos, é Muntadhar al-Zaidi, o jornalista que, durante uma coletiva do então presidente norte-americano e do primeiro-ministro fantoche
iraquiano, Nouri al-Maliki, não pôde ocultar o seu grandessíssimo entusiasmo pela ocupação norte-americana e, em um ímpeto, lançou os sapatos em direção ao então presidente.

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Esse fato foi muito distorcido pela imprensa internacional. Pois, se ouvirmos o discurso de al-Zaidi, percebemos que ele estava agradecendo ao presidente Bush por todas as atrocidades
, digo todo o sacrifício cometido pelo exército norte-americano na tentativa de levar a democracia para um país tão longínquo como o Iraque. Por exemplo, as palavras com que al-Zaidi brindou o Grande Líder Bush são bastante ilustrativas de seu estado de espírito: "Este é seu beijo de despedida do povo iraquiano, seu cachorro!"; "Isto é pelas viúvas e órfãos e todos os mortos no Iraque". Falava e jogava os sapatos, com a fúria dos indignados... Indignados? Claro que não! Cometo uma heresia contra o grande presidente Bush, homem magnânimo, homem que só começou guerras porque acreditava piamente no que lhe mentia
, digo relatava o serviço secreto dos EUA.

Podemos afirmar que al-Zaidi, que foi liberto nesta semana (e só podemos imaginar que ele ficou preso por inveja alheia, já que fez o que muita gente queria, mas não teve coragem de fazer...), é um herói do povo iraquiano, pois quis somente demonstrar sua sensibilidade e a de seu povo ao líder que tanta guerra
paz trouxe para o Iraque. Sim, Bush chutou o Saddam de seu trono e colocou em seu lugar uma marionete
, corrijo-me, o povo iraquiano.

Além disso, se conhecêssemos melhor os costumes iraquianos e muçulmanos, entenderíamos que a atitude de al-Zaidi não foi, em absoluto, um ato de demérito. Ora, vocês lembram quando Saddam foi derrubado do poder e aquela massa de gente saiu às ruas e começou a chutar as estátuas, sobretudo na face, de Saddam? E - isso recua mais no tempo - depois da Primeira Guerra do Iraque (mas não foram os EUA que, pelo menos, começaram a última?), os aliados de Saddam costumavam pisotear a cara de seus oponentes, além de usar e abusar das armas químicas? Vemos assim que o sapato na cara é um ato comum! Perfeito para os momentos de paz e de amor!

E, quando um muçulmano chamar você de cão ou cachorro, não fique muito afoito. Você conhece realmente a intenção dele? Afinal, nossas culturas são diferentes, e um ato pode ter os mais diversos significados.

Claro, monstruosidades
, digo, pequenos erros foram cometidos da parte dos norte-americanos no Iraque. Afinal, eles são humanos, não é mesmo? O jornalista al-Zaidi podia estar apenas mal informado, pois, apesar de lá ser nascido e criado, o presidente Bush sabia muito mais da real situação do Iraque do que o pobre al-Zaidi. Afinal, Bush tinha a CIA e o FBI (já viram o FBI em ação?...).

Assim, quero crer que tudo não passou de um mal entendido. Pois, Bush, grande líder, só queria levar a democracia e a liberdade para o povo iraquiano, sendo a destruição e carnificina apenas efeitos colaterais . Acho que Muntadhar al-Zaidi, algum dia, ainda vai compreender isso.

Não é mesmo, meus amigos?

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