quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Volta do Macaco Tião e O Buraco da Deepwater Horizon

Meus nobres humanos,

Chamo nobres por simples e puro respeito, já que eu, como macaco, sou um sujeito respeitador e de bons costumes, muito embora eu tenha jogado em vocês minha urina e minhas fezes misturadas à lama de minha jaula. Fiz isso simplesmente para divertir vocês, pois, quanto mais eu jogava, mais vocês riam.
Informo que estou de volta.
Fiquei muito tempo calado aqui no limbo dos primatas.
Enquanto vocês destroem este planeta, enquanto vocês poluem cada vez mais esta rocha chamada Terra, enquanto vocês consumem tudo em nome de seu progresso econômico.
Sim, eu venho denunciar a nefanda destruição que vocês, humanos seres, estão concretizando neste terceiro planeta do sistema solar.
Não adianta vocês me afirmarem que precisam do crescimento econômico para manterem seus empregos, para manterem seu nível de vida, para manterem as inumeráveis futilidades de sua vida!
Sim, a vida de vocês, humanos, é fútil.
Vocês precisam de um monte de instrumentos para serem felizes. Vocês precisam de tocas gigantescas que chamam de casas, precisam de monstruosas máquinas que apelidam de automóveis, precisam de panos para cobrir seu sexo, precisam de comidas enlatadas, de vidros nas caras para enxergar, de máquinas para emagrecer, de muito lixo.
E produzem muito lixo. Lixo, lixo, toneladas de lixo. E jogam aonde? Em nosso lar, em nossa terra, em nosso habitat.
Vocês não aprenderam boas maneiras! Vocês não sabem dividir conosco a dádiva da existência!
E, depois, nós que somos os animais irracionais!
Vejam bem, vocês agora foram longe de mais. Abriram um buraco nas profundezas do oceano, lá onde vocês chamaram Deepwater Horizon, para subtrair das entranhas da terra o seu tão precioso petróleo. Então, tudo deu errado. O buraco que vocês abriram arregaçou e o petróleo, sem controle, jorra dele. Vocês, agora, estão em maus lençóis, pois não sabem como tapar o dito. E nós, animais irracionais, que pagamos o pato! Nós, animais irracionais, somos quem ficamos nessa bosta gosmenta que vocês, seres racionais, ápice da criação, liberaram em nosso oceano.
Sempre assim. Sempre as mesmas asneiras vocês cometem e, depois, culpam os deuses, o destino, o azar! Nunca culpam a própria ousadia, a própria vaidade e audácia!
Se o Grande Macaco colocou o que chamam de petróleo, essa bosta preta e pegajosa, no mais fundo da terra, no mais fundo do oceano, por que vocês foram lá meter as mãos nele? Por que vocês foram lá com suas monstruosas máquinas abrir o ventre da terra e retirar dela esse viscoso líquido? Só para utilizarem esse veneno em suas máquinas de movimentação, em seus carros de marca, em seus caminhões!
Tudo isso por preguiça, pois vocês não são como nós, macacos, que somos fortes, que aguentamos horas e horas pendurados nas árvores. Os seus músculos são fracos. Nós, macacos, arrebentamos vocês com um braço só. Mas vocês têm as armas cuspidoras de fogo, malditos covardes!
Agora, vocês estão lá com o seu maldito buraco aberto, com o sangue da terra jorrando sem parar, e vocês não sabem o que fazer.
Parabéns!
E não adianta vocês, brasileiros, falarem que a culpa é dos ianques. Para nós, vocês formam uma patota só. São todos farinha do mesmo saco.
Com isso, nós, seres irracionais, agradecemos a vocês, ó grandes seres racionais, o presente de grego que vocês nos deram!
Até a próxima, se vocês ainda permitirem...

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