terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sátiras de verdade!

Meus nobres colegas,

Literalmente, levei um soco ao ler uma crítica sobre sátiras!
Todos vocês, meus queridos, sabem que tento escrevinhar algumas peças a que eu modestamente chamo de satíricas.
Mas vem um grande crítico e me diz que faço tudo errado. Esse grande crítico, cujo nome infelizmente esqueci, afirma que um grande autor satírico sempre tem um programa de reforma social (quer dizer, sempre sabe como resolver o caos social), que ele é um escritor que sabe manejar a linguagem em prol de sua sátira e que ele invariavelmente ou termina louco ou se conforma.

Em primeiro lugar, eu não tenho um programa de reforma social.
Realmente. Eu não sei como salvar o mundo. É verdade. Sei que muita gente afirma conhecer a solução final. Eu sou um ignorante nesse aspecto. Aliás, nem sei se o mundo pode ser salvo. Mas, se puder ser salvo, não acredito que seja tão fácil como algumas pessoas querem ou gostariam que fosse. Não acho que simplesmente vamos dar as mãos e ficar tudo bem. Mas seria bem bonito, não é mesmo? E todo mundo cantando We are the world!
Em segundo lugar, eu não sei usar a linguagem.
Apesar de me auto-intitular escritor, estou longe de sê-lo, pois todo mundo que foi alfabetizado é escritor, mas ser escritor de verdade, isto é, escrever com estilo, embaralhar palavras, rimar com proparoxítonas, criar metáforas lindas de morrer, fugir ao lugar-comum – bem, tudo isso que todo mundo diz que um escritor faz, eu não faço. Ou, se faço, é sem querer. E, se é sem querer, não é de verdade. E, se não é de verdade, então eu sou um escritor de mentirinha. Aí, outro lugar-comum.
Em terceiro, eu não sou louco...
Há controvérsias. A principal é que eu acredito não ser louco... Sei que acreditar-se não estar louco não é um bom parâmetro, tendo em vista que hospícios estão cheios de pessoas que se afirmam sãs. Mas, até o momento, foram poucas pessoas que quiseram colocar-me a camisa de força... Sei que sou normal; só não sei o que normal é. Também não sou o único o que não sabe o que é a normalidade. Pergunte a qualquer psicólogo por aí... Você vai ficar louco com a resposta...
Acho que foram esses pontos abordados pelo crítico erudito em seu ensaio. Não me lembro nem do nome do crítico nem onde li... Essa praga da Internet! Começamos a ler algo que odiamos e vem um joão-sem-braço e apaga o histórico do nosso navegador... É assim mesmo. É a biblioteca de Borges (uma citação erudita!).
Assim sendo ou sendo assim, vou, na minha mais humilíssima humildade, seriamente estudar as sátiras contemporâneas de todos os tempos. Sobretudo a dos clássicos. Creio que será bastante instrutivo.
Pelo menos, para mim!

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